28 fevereiro, 2011

Parte Escura

Gatos são felizes porque entendem a lua inteira
Sabem que mandam na noite.
Pulam entre os muros telhados postes
Pousam nas lagartixas
Flutuam sobre a ponte.
Flertam com suas gatas

Eles conhecem o pulsar da madrugada
Entendem o silencio das corujas
E o pisca-pisca laranja dos semáforos

Homens caminham à luz do sol.
Gostam de fritar o pé no asfalto ao meio dia.
Da luz queimando o crânio, cozendo o cérebro

O frio da lua é mais tranqüilo
Odeio ter de dormir nessas horas serenas de meia noite
Quando a lua se esquece de brilhar e pega no sono
Junto com os passarinhos

Mas as corujas não dormem...
Com seus OLHÕES
Vigiam e amam os gatos bem mais que eu
Estes fazem questão de passar pela minha cama no meio da farra
Brincam com minha sonolência
Dão um beijo de consolo e vão embora pela janela

Sou acordado pelo barulho do mundo
Morto, vivo
Rastejo-me pelas infernais manhãs
De equações e palavrões acadêmicos
Sinto a fome que não sonha em ter o analfabeto
Morro de vontade de voltar pra casa
Cama, lençol, ventilador

Volto
E os gatos estão dormidos pelos cantos
Rindo da minha cara

O tédio e a relutância em dormir, me mantém acordado.
Não admito perder segundos na escuridão de meu sono vazio

Brigo com a morte por vontade de ficar acordado:
É certa
Escura
Eterna.
Vida é agora e dói aos olhos
Tem que esperar passar toda
Pra depois poder apagar a luz

Gatos nunca caem de costas
Eles sabem sete vezes que nunca vão morrer


O sol se vai,
Aqui no Ocidente começa o fim
Invejo os olhos-puxados dos japoneses
Prestes a enxergar a parte escura do que foi aos jornais aqui pela manhã
Durmo morto de raiva de não ver as melhores horas do dia.

Raramente lembro-me dos 300 sonhos que tenho
Sinto culpa pelo que sonhei, quando lembro.
Pelos deleites escondidos na parte escura do cérebro
Onde as corujas dançam de olhos fechados

Os gatos sabem como sou estúpido
E riem o dia inteiro com seus OLHÕES.
Riem de mim, que nunca encarei uma coruja.

12 outubro, 2009

não vamos mais falar nisso, ela disse, e não lhe esmurrei de raiva pelo moralismo que ainda me resta - esmurrei a porta que ela bateu na minha cara. até que sangrasse e depois entrei no carro fui pra casa, tomei um porre e dormi

08 setembro, 2009

ela pensava nisso todo dia

de manhã, ela sobe no onibus e dá uma de 10 ao cobrador. puto, cata as moedas com as quais abriu o caixa. lhe devolve em notas de 2 e moedas de 5.
fim de tarde, o proletariado doido pra voltar pra casa. a mulher devolve as moedas ao cobrador, que recebe de cara feia. conta uma por uma, enquanto olha puto pra fila de suados nervosos que se faz aumentar.